Operação do MPRN contra facção criminosa cumpre mandados em quatro estados; advogado é preso em Natal
Operação
foi na manhã desta quinta-feira (5) no Rio Grande do Norte, São Paulo,
Paraná e Mato Grosso do Sul. Foram cumpridos 52 mandados de prisão.
Publicado Por:Elinho Pro/
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) iniciou na manhã
desta quinta-feira (5) uma operação para combater a atuação de uma
facção criminosa dentro e fora de unidades prisionais. Um advogado
suspeito de ter sido “batizado” pela facção foi preso em Natal. Ao todo
foram cumpridos 52 mandados de prisão. Destes, dois foram na capital
potiguar e 21, no interior. Além disso, foram cumpridos nove de busca e
apreensão. A ação também foi realizada em São Paulo, Paraná e Mato
Grosso do Sul.
Segundo o MPRN, dos 52 mandados de prisão expedidos, 28 foram cumpridos
contra pessoas que já estão presas e que, mesmo assim, continuam
praticando crimes. Os demais mandados de prisão foram cumpridos contra
foragidos de Justiça, presos do regime semiaberto, alguns inclusive
usando tornozeleiras eletrônicas, e pessoas que estavam soltas, entre
elas o advogado. O MP também conseguiu, junto à Justiça potiguar, o
sequestro do saldo de 57 contas bancárias por haver indícios de origem
ilícita dos valores movimentados nas contas, que se encontram
bloqueadas.
A investigação mostra que o advogado, além do exercício da advocacia,
se envolveu com a facção criminosa que nasceu dentro dos presídios
paulistas. Ele chegou a solicitar o “batismo” junto à facção a um
detento que atualmente cumpre pena no Presídio Estadual de
Junqueirópolis, no interior paulista. O detento é um “geral do estado”
da facção em São Paulo, tendo a atribuição de manter contato com os
demais integrantes do grupo criminoso em outros estados.
Por isso a operação foi batizada como Mamulengo, um tipo de fantoche do
Nordeste brasileiro, em uma clara referência à subserviência dos
integrantes da facção no Rio Grande do Norte às chefias em São Paulo.
Por telefone, os chefes paulistas mantêm o controle financeiro, cobram o
pagamento de mensalidades com transferências para contas bancárias em
outros estados, aceitam ou não o ingresso de novos integrantes e até
ordenam crimes, inclusive homicídios, aos integrantes potiguares.
Os chefes da facção nos estados do Centro/Sul do país ostentam alto
padrão de vida, enquanto os integrantes locais vivem em barracos na
periferia, apenas trabalhando e cumprindo ordens repassadas das
lideranças de fora, não passando de mera massa de manobra. O controle da
facção sobre os integrantes potiguares é tão grande que eles chegaram a
enviar uma “irmã” de São Paulo para fiscalizar o apoio que os
criminosos do Rio Grande do Norte dão aos familiares da cúpula da
organização, que está presa na Penitenciária Federal de Mossoró. A
“irmã” também foi presa nesta quinta-feira (5) em Rio Claro, interior
paulista.
Foram os chefes de outros estados que determinaram o último “salve” da
facção no Rio Grande do Norte. Entre os dias 2 e 7 de junho passados, 13
ataques a prédios públicos, ônibus e unidades policiais foram
registrados em cinco municípios potiguares. Pelo menos um assassinato de
policial aconteceu durante o “salve”.
As investigações da operação Mamulengo começaram em fevereiro de 2017
com a instauração, em caráter sigiloso, de um procedimento
investigatório criminal para apurar a atuação da facção paulista no Rio
Grande do Norte, especialmente quanto à responsabilidade criminosa da
rebelião registrada em janeiro do ano passado no Presídio Estadual de
Alcaçuz, em Nísia Floresta. Na rebelião, detentos que estavam no
Pavilhão V (Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga), em sua maioria
integrantes da facção paulista, invadiram o Pavilhão IV e atingiram os
membros de uma facção rival, o que culminou com a morte de pelo menos 26
presos.
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